quarta-feira, 25 de setembro de 2024

A Sombra Voraz: O Segredo da Sexta-feira 13

Era uma noite fria e silenciosa de sexta-feira 13, numa pequena cidade isolada chamada Vale das Sombras, cercada por uma densa floresta onde raramente alguém ousava entrar. A cidade tinha uma lenda antiga: em todas as sextas-feiras 13, algo sombrio despertava na floresta.

Naquela noite, Júlia, uma jovem curiosa e corajosa, estava determinada a descobrir se a lenda era real. Seu avô, antes de desaparecer misteriosamente anos atrás, sempre falava sobre uma criatura que vivia nas profundezas da mata e que só surgia nessas noites. Desde pequena, Júlia era fascinada por essas histórias, mas agora, já adulta, queria respostas. Reuniu seu grupo de amigos: Lucas, o corajoso, Mariana, a cética, e Caio, que adorava filmes de terror, mas estava sempre nervoso em situações reais.

Com lanternas em mãos e corações acelerados, eles se aventuraram para dentro da floresta. Enquanto caminhavam, as árvores pareciam cada vez mais fechadas, como se estivessem sendo observados. O vento uivava entre os galhos, criando sombras que brincavam no chão, e o som de galhos quebrando à distância aumentava a tensão.

De repente, Mariana ouviu algo que parecia ser um sussurro. "Vocês ouviram isso?", perguntou, parando de andar. O grupo se entreolhou, tensos, mas continuaram. Alguns metros adiante, encontraram uma velha cabana abandonada, meio escondida entre as árvores. A cabana estava caindo aos pedaços, coberta por heras e com as janelas quebradas.

"É aqui", disse Júlia, com um misto de medo e determinação. "Foi aqui que meu avô costumava falar."

Quando entraram na cabana, o cheiro de mofo e decadência era sufocante. No centro da sala havia um antigo diário, envelhecido pelo tempo. Júlia o abriu com cuidado, e nele estavam descritas passagens perturbadoras sobre rituais e sacrifícios realizados para apaziguar a criatura da floresta, conhecida apenas como A Sombra Voraz.

De repente, as velas da cabana, que ninguém acendeu, se acenderam sozinhas. O grupo se virou assustado. Um som baixo e gutural vinha do fundo da floresta, e passos pesados ecoavam ao redor da cabana.

"É a criatura... ela está vindo!", disse Caio, quase em pânico.

Lucas tentou manter a calma. "Precisamos sair daqui agora!"

Mas quando tentaram correr para fora, a porta se trancou sozinha com um estrondo. As janelas começaram a se fechar com tábuas velhas se pregando magicamente. Presos, eles sentiram uma presença dentro da cabana. A Sombra Voraz não era apenas uma criatura, mas algo que habitava os lugares mais escuros do coração humano, um reflexo de seus medos e segredos mais profundos.

Mariana, a mais cética, foi a primeira a ver. No canto da cabana, uma figura nebulosa começou a tomar forma, olhos brilhantes de um vermelho intenso surgiram da escuridão. A criatura não tinha forma física clara, mas seu simples olhar penetrava na alma de quem a encarava.

"Ela nos viu... estamos condenados", sussurrou Júlia, com os olhos arregalados.

Um a um, eles começaram a perder a sanidade. Lucas gritava, tentando quebrar a porta, mas cada golpe parecia só fortalecê-la. Mariana começou a falar coisas sem sentido, rindo e chorando ao mesmo tempo. Caio, em desespero, se encolheu em um canto, murmurando as palavras do diário, tentando encontrar alguma salvação.

A Sombra Voraz começou a se mover, envolvendo o grupo. Quando se aproximou de Júlia, ela sentiu seu corpo paralisar, como se todo o calor e vida fossem drenados. Em sua mente, imagens de seu avô e dos rituais antigos se misturavam, revelando a verdade: o sacrifício não era para apaziguar a criatura, mas para impedir que ela escapasse da floresta. Seu avô, assim como tantos outros, havia falhado, e agora era a vez deles.

A última coisa que Júlia ouviu antes de tudo se apagar foi o som de um relógio distante batendo a meia-noite. A sexta-feira 13 tinha acabado, mas a Sombra Voraz estava livre.

Na manhã seguinte, as autoridades encontraram a cabana vazia. Nenhum sinal de Júlia ou seus amigos. Apenas o diário, com uma nova inscrição na última página: "A Sombra devora tudo, e mais uma vez a floresta a esconde."

E assim, o Vale das Sombras permaneceu em silêncio, esperando pela próxima sexta-feira 13.

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